Culto em Família, Coisa do Passado?

Esse assunto para muitos está ultrapassado, pois, boa parte dos cristãos, em especial os recém convertidos provavelmente nunca ouviu falar sobre o culto doméstico. Essa prática era comum entre os crentes do passado. As famílias se reuniam em torno da Palavra de Deus e juntos cultuavam ao Senhor através de orações, louvores e meditação na Bíblia. Quando pensamos em culto doméstico, somos tentados a considerá-lo algo opcional, mas ao estudarmos a Bíblia percebemos a enfase sobre o assunto e compreendemos que além de não ser opcional, o devocional em família é indispensável para a edificação do cristão e do seu lar.

Logo após a criação vemos Deus se relacionando com Adão e Eva em família. Mesmo após a queda notamos os patriarcas sempre representando suas famílias diante do Criador, como no caso da promessa feita a Abrão em Gênesis 12: 3. Ali Deus prometeu abençoar todas as famílias da terra por intermédio desse servo. No período da lei mosaica, em Deuteronômio 6: 6 a 9 está registrado a descrição detalhada do culto no lar. Isso se estendeu por todos os tempos em Israel. No novo testamento as reuniões nos lares eram rotina na Igreja Primitiva. O apóstolo Paulo em Atos 16: 31 incluiu a família do carcereiro como extensão de sua salvação. Em 2ª Timóteo 1: 5, Paulo destaca a importância da família do jovem Timóteo em sua formação espiritual.

Na história da Igreja essa prática se estendeu por todas as épocas e foi determinante principalmente no tempo das mais cruéis perseguições, onde secretamente os cristãos se reuniam em família para cultuar a Deus. Um dos casos que denota de maneira emblemática a importância do devocional em família está registrado na biografia de João Wesley. Sua mãe, Suzana, criou todos os dezenove filhos em torno do culto em família, que chegava a durar duas horas por dia. Wesley, o líder do grande avivamento na Inglaterra atribuiu a sua mãe a maior influencia de sua vida.

Até nas primeiras décadas do século passado a realização do culto doméstico era comum no meio dos crentes, mas com o advento do rádio, da televisão e de diversos outros entretenimentos no lar, essa prática foi perdendo espaço até deixar de ser regra e se tornar exceção. As famílias perderam seu contato diário com as verdades bíblicas e com a presença divina e isso custou e tem custado um preço muito alto. Hoje observamos atônitos as mesmas mazelas que dizimam famílias não cristãs, se espalhando pelos lares evangélicos. Infelizmente, adultério, divórcio, rebeldia, brigas, drogas, prostituição, entre outros males tornaram-se comuns entre os crentes. Outro fator a se destacar como prejuízo oriundo da negligência do devocional em família é o superficialismo predominante hoje na igreja cristã.

Vivemos dias maus, onde a família tem sido bombardeada por todos os lados. Acredito que o Senhor deseja resgatar essa atividade vital para restaurar famílias. Precisamos nos reunir novamente nos lares para juntos cantarmos, orarmos e meditarmos na Santa Palavra de Deus. Isso não é uma tarefa fácil, como advertiu a mãe de João Wesley: "Ninguém pode seguir o meu método se não renunciar o mundo no sentido mais literal. Há poucos, se houver, que devotariam cerca de vinte anos do primor de sua vida na esperança de salvar as almas de seus filhos". Mas pergunto: Que lucro teremos se nossa família for para o inferno? É necessário lutarmos pelo nosso lar e isso invariavelmente passa pelo resgate do culto doméstico.

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