Resgatando a Páscoa Judaico-Cristã


          Não é meu objetivo traçar um estudo teológico nas próximas linhas, mas simplesmente discorrer sobre a visão bíblica a respeito do sentido da páscoa, tanto no prisma judaico, quanto no cristão. É do conhecimento de todos que o estabelecimento dessa festividade se deu no êxodo do povo de Israel, quando lutavam pela liberdade no Egito. Naquela ocasião pelo advento da última praga; a morte dos primogênitos. Deus ordenou a Moisés que orientasse o povo a respeito do significado de tudo aquilo que estava acontecendo, desde a morte do cordeiro até a saída do povo em direção ao deserto, passando pelo livramento dado aos primogênitos dos judeus. Aquele ritual deveria ser lembrado por todas as gerações perpetuamente.
          Para os hebreus a Páscoa é uma lembrança do livramento do Senhor na noite do Êxodo e deveria ser comemorada em Abibe, primeiro mês do calendário judaico. Naquele mês, do 14º ao 21º dia, o povo de Israel comeria pães asmos e ervas amargas; se absteria de comidas com fermento e não trabalharia, exceto na preparação dos alimentos. Além disso, tanto no primeiro quanto no último dia haveria santa convocação.
          Para os cristãos essa festa tem o mesmo significado, mas com um prisma diferente, pois representa o sacrifício do Cordeiro de Deus na cruz do calvário, tendo como objetivo a libertação da humanidade do cativeiro do pecado. O que mais me chama atenção nesses dois ângulos é o significado dos símbolos usados na cerimônia, pois temos:
  1. O cordeiro Pascal - Que representa a Cristo, que foi sacrificado para que todos nós fossemos libertos da escravidão do pecado.
  2. O primeiro mês do ano - A salvação para o cristão sempre deve ter a primícia sobre as demais coisas.
  3. A santa convocação - Para o cristão significa a lembrança constante do preço que foi pago pela sua libertação. Devemos não somente lembrar solenemente, mas cuidar e valorizar diariamente o precioso presente que nos foi dado por Deus.
  4. O jejum do fermento - Essa alusão é interessante, pois o fermento simboliza ilusão, falsidade, engano e mentira. O cristão verdadeiro não se deixa mais iludir pelos encantos desse mundo.
  5. Os pães asmos e as ervas amargas - Simbolizam as dificuldades da caminhada cristã. O próprio Jesus nos advertiu sobre o preço que o ser humano paga por escolher andar ao seu lado, mas por outro lado, se comparamos aos benefícios que recebemos, o custo será irrelevante.
  6. Os sete dias sem trabalho - Representam o período que todo aquele que é cristão deve separar para dedicar-se a Deus. Quando vemos à alusão divina ao Sabbath judaico (dia de descanso) devemos compreender que o Senhor não precisava descansar na criação, mas o fez para que o homem compreendesse que é necessário separar um dia na semana para dedicar-se ao Criador.
          Assim vemos que a páscoa judaica é a sombra da páscoa cristã e que de maneira alguma perdeu seu significado e importância, pelo contrário, em Cristo o Pessach encontrou o seu verdadeiro sentido. Antes de terminar gostaria de tecer um comentário sobre a descaracterização dessa festa tão importante, pois na sociedade atual o sentido verdadeiro da páscoa se esvaiu dando vazão para símbolos comerciais que em nada representam o que Jesus fez por nós.




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