Por que Devemos Dizer Não a Teologia da Prosperidade?
Não é meu intuito discorrer com profundidade sobre todas as nuances que
envolvem o tema. Espero contribuir com a Igreja do Cordeiro, que segundo a
Santa Palavra é coluna e baluarte da Verdade, portanto como membros desse corpo
devemos andar e viver na verdade.
A Teologia da
prosperidade é um movimento que tem sua origem nos EUA. Apesar de Kenneth Hagin
(1917-2003) ser o seu maior propagador, sua origem remonta ao início do século
XX com os ensinos de Essek W. Kenyon (1867-1948). Esse evangelista de origem
metodista tornou-se pregador itinerante e teve suas ideias difundidas
principalmente através do programa “Igreja no Ar”. Kenyon defendia que o ser
humano era capaz de controlar o reino espiritual através da confissão positiva,
principalmente no caso da cura de enfermidades.
Porém
o desabrochar dessa estranha teologia se deu com os ensinamentos de Hagin, que
através de instrumentos como o Seminário Radiofônico da Fé, a revista Palavra
da Fé, a Escola Bíblica por correspondência e o Centro de Treinamento Bíblico
RHEMA, além de livros e fitas cassetes foi disseminado pela América e pelo
mundo. Boa parte de sua obra foi cunhada no trabalho de Kenyon.
Os
conceitos defendidos e difundidos pelo “Evangelho da Prosperidade” consistem
num ensino enfático sobre dízimos e ofertas como condições para o
enriquecimento material do cristão; no emprego da confissão positiva, que
afirma que a Bíblia promete prosperidade aos fiéis e que seus desejos podem ser
alcançados pelo uso da palavra da fé, que uma vez confessada inevitavelmente se
tornará realidade; no ensino de que a expiação de Cristo tem como objetivo
principal levar o cristão a uma vida terrena de paz, saúde, felicidade e
riqueza material, pois os cristãos possuem direito ao bem estar e por fim no
ensino de que pobreza e doenças são maldições associadas ao pecado e que devem
ser quebradas pelo uso da fé. Tais ensinamentos baseiam-se principalmente na
aliança de Deus com os Judeus e em textos neotestamentários usados fora do
contexto.
No
Brasil a Teologia da Prosperidade espalhou-se a partir dos anos 80,
principalmente pelo advento das igrejas neopentecostais. Hoje encontramos
igrejas envolvidas integral ou parcialmente no movimento em todos os segmentos
evangélicos. Geralmente as igrejas da Teologia da Prosperidade dão pouca ou
nenhuma ênfase ao ensino teológico ou a interação com as demais denominações
evangélicas, mas priorizam projetos próprios que enfatizam a importância do
espaço na mídia, da construção de grandes templos, da inserção de líderes no
meio político, etc. Tudo isso é claro, conquistado principalmente através da
manipulação financeira dos fiéis. Outra característica presente nas igrejas
adeptas do movimento é a liderança centralizada e geralmente autocrática, onde
o líder supremo decide por todos, pois foi ungido pelo Senhor, dessa forma suas
decisões não podem ser questionadas
A
propagação da Teologia da Prosperidade no Brasil é um dos maiores, senão o
maior fator que explica o crescimento quantitativo de evangélicos no país, o
que a priori parece ser positivo, mas depois de uma reflexão mais acurada vemos
que é ilusório. Somos mais de cinquenta milhões de evangélicos e não
conseguimos fazer a diferença em nossa nação, pois a esmagadora maioria daqueles
que frequentam os templos evangélicos vem atraídos pelas promessas desse falso
evangelho e por isso não experimentam a verdadeira conversão, o verdadeiro
nascimento, o que os impossibilita de fazer a diferença na sociedade. Além
disso, esse crescimento vertiginoso aliado a inúmeros escândalos financeiros
produziu na sociedade uma visão distorcida a respeito do movimento protestante.
Para os descrentes, igrejas e pastores são sinônimos de negócios e estelionato.
Outro
fator que contribui para o crescimento dessa teologia consiste no uso de
símbolos e de rituais sincréticos, principalmente pela ala neopentecostal.
Somos um país de matiz indígena e africana, o que naturalmente nos torna
místicos e tendenciosos ao sincretismo. Em cima disso a ala neopentecostal desenvolveu
uma liturgia própria, sincrética e mesclada por rituais como “o corredor de
sal” e pelo uso de símbolos como a “água ungida”, por exemplo. A simples fé
torna-se capenga, sempre dependendo de um “Ídolo” para aflorar. Isso é
abominável ao Senhor, pois é a profanação do santo culto.
Talvez
não possamos mencionar todos os prejuízos que esse movimento tem provocado na
Igreja do Senhor, pois além de ser carente de uma teologia bíblica séria é
antibíblico e por que não dizer satânico? Vejamos por que devemos dizer não ao
“Evangelho da Prosperidade”:
·
Ensino
distorcido sobre dízimos e ofertas – A Bíblia é clara em relação às
contribuições e sempre aponta que as mesmas devem ser ministradas como ações de
graça por tudo que o Senhor fez por nós. É verdade que por toda a Palavra
encontramos promessas de bênçãos para aqueles que contribuem, mas estas devem
ser consequências da fidelidade e da obediência do cristão e não frutos de sua
motivação para prosperar.
·
Ênfase no
enriquecimento material do cristão – Em nenhum lugar nas escrituras vamos
encontrar respaldo para esse ensino, pois a riqueza não deve ser o objetivo do
crente, nem tampouco sua motivação para conversão e contribuição. Deus é
soberano e pode abençoar com a riqueza a quem desejar, mas jamais é intimidado
por Sua Palavra a enriquecer todos os cristãos. Jesus foi enfático em suas
criticas a riqueza, pois esta geralmente vem associada a avareza, a ganancia, a
soberba...
·
Ensino da
Confissão Positiva – Este ensino afirma que a Bíblia promete prosperidade
aos fiéis e que seus desejos podem ser alcançados pelo uso da palavra de fé,
que uma vez confessada inevitavelmente se tornará realidade. Aqui há uma séria
inversão de valores, pois a soberania divina é substituída pela humana. O homem
pelo uso da palavra de fé pode trazer à existência todas as bênçãos que estão
no reino espiritual. O fato de Deus nos abençoar em todas as coisas não
significa que Ele concederá tudo o que desejamos.
·
Ensino
distorcido sobre a expiação de Cristo – Jesus morreu na cruz para
reconciliar a humanidade com Deus e assim nos salvar da condenação eterna. A
Teologia da Prosperidade reduz a expiação de Cristo a um meio para termos uma
vida próspera de paz, saúde e abundancia e como consequência, no fim da vida
seremos salvos. O objetivo principal do Salvador é remir nossas almas. O
próprio Jesus nos ensinou que neste mundo passaríamos por aflições, mas que
deveríamos permanecer firmes, mesmo em face da morte. Este ensinamento
diabólico tem produzido uma “massa” de pseudo-cristãos consumistas que buscam a
Cristo apenas em busca da satisfação de suas próprias necessidades.
·
Ensino de
que pobreza e doenças são sinais de maldições e que devem ser quebradas através
da fé – Apesar desse conceito nos ser agradável e até parecer correto, não
é. É certo que tanto o estado de pobreza como as enfermidades podem ser
provenientes da ação de demônios, mas não podemos generalizar, pois muitos
homens e mulheres foram tremendamente usados por Deus mesmo em meio a escassez
de recursos e a graves enfermidades. É lícito buscar a melhoria de vida através
do trabalho e a cura através do uso da fé e da medicina, mas não devemos
vincular tais coisas como sinal de benção ou maldição.
·
Pouca ou
nenhuma ênfase ao ensino teológico – Essa é uma característica sempre
presente no arraial do Evangelho da Prosperidade, pois seus ensinamentos são
rasos e são facilmente refutados pelo ensino sério da teologia cristã.
Geralmente os cursos oferecidos por estas instituições são de curta duração e
estão voltados para o “modus operandi”
da mesma. A maior parte das igrejas que disseminam essa teologia é pastoreada
por leigos com títulos de teólogos, o que com certeza traz um prejuízo
incalculável para sua membresia. Onde há conhecimento há libertação!
·
Produz
isolamento denominacional – Uma parte das igrejas da Teologia da
Prosperidade são independentes e autônomas (muitas oriundas de cismas em
convenções históricas e pentecostais), enquanto outra é formada por uma
estrutura de filiais (as neopentecostais). Existem também aquelas que estão
dentro de convenções e que aplicam os princípios dessa teologia parcialmente. O
isolamento é praticamente inevitável, pois o ensino e a prática da doutrina da
prosperidade promovem uma inversão de valores eclesiásticos, pois o objetivo da
igreja deixa de ser a implantação de um projeto do Reino de Deus para ser a
disseminação de um projeto próprio, o cristão deixa de lutar pelo Reino para
lutar pelo império da igreja.
·
Implantação
de impérios pessoais – Essa é uma das características mais visíveis da ação
do Evangelho da Prosperidade. A visão da igreja passa a ser mercantilista, o
que muda o foco da salvação de almas para a obtenção de novos clientes. Isso
vai se traduzir na luta pelos espaços na mídia, na política e na geografia para
a construção dos mega templos. Esse trabalho será desenvolvido principalmente
com o sacrifício da pregação da sã doutrina, pois o que importa agora é agradar
a “clientela”, que consequentemente levará a exploração financeira dos fiéis,
que além dos dízimos e ofertas serão levados cada vez mais a votos e
sacrifícios financeiros com a promessa da prosperidade financeira, o que na
maioria dos casos não passará de ilusão.
·
Instituição
de uma liderança centralizada e geralmente autocrática – essa é outra
característica pungente das igrejas pertencentes a esse movimento. Aquelas que
são independentes e autônomas geralmente serão pastoreadas por um líder que
ditará todas as coisas de maneira centralizada. Mesmo que haja uma liderança,
esta é usada apenas como meio para a legitimação das decisões, haja vista que o
líder maior não pode ser questionado, principalmente pelo fato dele ser o
“ungido de Deus”. No caso das que funcionam como filiais, a liderança é
exercida hierarquicamente, mas com todo o poder centralizado na cúpula. Desde
os primórdios do cristianismo vemos que a liderança centralizada nunca é
salutar, pois os homens são falhos. A Bíblia nos ensina que há sabedoria na
multidão de conselheiros.
·
Uso de
simbologias e rituais sincréticos – Com base na formação mística e sincrética
do povo brasileiro as igrejas neopentecostais ampliaram a ação do evangelho da
prosperidade, pois através de símbolos e rituais sincréticos, como a “água
ungida” e o “corredor de sal”, por exemplo, atraíram para si uma multidão em
busca de uma experiência mística e transcendental. Isso é abominável ao Senhor,
pois é a profanação do santo culto.
·
Difamação
do Evangelho de Cristo – A Teologia da Prosperidade não afeta somente os
que nela se baseiam, mas afeta o Corpo de Cristo como um todo. Hoje vemos como
a imagem do cristianismo protestante tem sido desgastada por inúmeros
escândalos, principalmente de ordem financeira. Na sociedade em geral quando se
trata de igrejas e pastores, os sinônimos são empresa, ladrões,
estelionatários, meio de vida, etc... E o pior, contemplamos o empobrecimento
da mensagem poderosa do Evangelho, pois Deus foi transformado no gênio da
lâmpada, sempre disposto a realizar nossos desejos.
Tudo
isso tem acontecido para que a Palavra de Deus se cumpra. A Bíblia diz que no
fim dos tempos a apostasia se multiplicaria e que muitos abandonariam a fé
genuína (2ª Tes. 2: 3 / 1ª Tim.4: 1). O cristão precisa se manter atento e
assim como os crentes bereanos deve basear toda sua conduta na prática da
Palavra de Deus, mesmo que isso desagrade nossa família, amigos e até líderes
espirituais que abandonaram a fé genuína. Parafraseando o sermão pregado no
primeiro domingo após o 11 de setembro, por Carter Conlor, pastor sênior da
Times Square Church: “Fujam, fujam, fujam
deles, fujam para salvar vossas almas!”. Conlon fazia uma analogia entre a
fuga desesperada das pessoas no atentado do WTC e aqueles que estão em igrejas
que vivem tal teologia. Não tenho outra coisa a lhe dizer. Se você se congrega
em uma igreja que defende a Teologia da Prosperidade, FUJA, FUJA, FUJA DELA,
FUJA PARA SALVAR A VOSSA ALMA.
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