Aprendendo com João Batista

Os discípulos de João Batista ao tomarem conhecimento dos batismos e das grandes obras realizadas por Jesus, imediatamente interpelaram seu mestre acerca da possível concorrência enfrentada por seu ministério batismal. João, por sua vez lhes respondeu com uma simples afirmação: "Importa que Ele cresça e eu diminua!" Provavelmente a consciência de sua vocação e ministério fez dele, segundo o próprio Cristo, o maior dentre os nascidos de mulher. 

Infelizmente, boa parte dos líderes cristãos ignoram o conselho de João, pois, ensimesmados lutam para que seus nomes sejam tão ou mais célebres que o do próprio Cristo. Com essa simples frase, o arauto do deserto nos aponta para o único caminho seguro para todos os que desejam abraçar o ministério cristão com sucesso. Trata-se do esvaziamento próprio; da renúncia pessoal; da morte para si mesmo; da diminuição contínua do ego; etc.

De fato, é um duro discurso! Mais que isso, aponta para a única possibilidade que torna viável a ação de Deus através de nossas vidas. Para que essa verdade tome forma em nós, precisamos compreender três coisas: nosso ego caído, nossa incapacidade de fazer a vontade de Deus e o valor da glorificação do nome do Eterno através de nossas vidas.

Em primeiro lugar temos que lidar com o nosso ego caído. Desde o éden, a humanidade sofre com a "síndrome de Lúcifer", que se resume no querer ser semelhante a Deus. Note que Lúcifer não ambicionou ser maior que o Criador, mas tão somente semelhante. Desde sempre a cobiça da vaidade campeia o coração dos homens, basta notar como o ser humano gosta de ser notado e como valoriza muito mais o “ter” do que o “ser”. Assim como Narciso não admirava nada que não fosse espelho, muitos líderes cristãos não admiram nada mais que a sua própria imagem.

Em segundo lugar, o esvaziamento próprio é gerado pela compreensão de nossas fragilidades e da nossa incapacidade de fazer a vontade do Pai. Deus em sua infinita misericórdia nos auxilia em nossas mazelas através da bondosa e contínua ação do Espírito Santo. E isso, somente isso, nos dá as condições necessárias para permanecermos na caminhada cristã. Devemos resgatar o conceito de dependência destacado tão claramente pelo próprio Cristo, quando afirmou: "Sem mim nada podeis fazer!"

Em terceiro lugar, quando aceitamos a missão de morrer para que Ele viva em nós, permitimos que a glória de Deus seja revelada através de nossa vida e dessa forma podemos ser a mais bela expressão de louvor ao nome do nosso Deus. De fato, o Senhor não precisa do homem e nem da glória vinda deste, pois antes de tudo existir, Ele já possuía toda glória, domínio e poder. Somos apenas vasos de barro com um conteúdo divino impossível de ser produzido pelo homem. Somos feitos à Sua imagem, conforme à Sua semelhança, não para nos arvorarmos na ciranda das vaidades, mas para termos a possibilidade de nos relacionarmos com Ele.

Através dessa compreensão devemos humildemente receber o conselho do pregador do deserto, com a consciência de que a obra divina não é feita "por nós", mas sim "apesar de nós". Precisamos em humildade permitir que a cada dia o nosso ego ceda espaço para o que chamo de "ego dei" (Ego de Deus - Espírito de Deus) tenha a liberdade necessária para nos preencher e habilitar para a árdua tarefa do ministério cristão. Não devemos permitir que as vaidades e a soberba dessa vida nos façam ansiar pela celebridade, pois os que trilharam por esse caminho foram de mal a pior. Que Deus abençoe você!

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