O Supermercado da Fé


          Na obra "Die Protestantische Ethik und der Geist des Kapitalismus" (A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo) o sociólogo, economista e escritor alemão Max Weber sintetiza a ideia de que o capitalismo teve como principal fonte de influencia a Reforma Protestante, com destaque aos ensinos de Calvino. O autor de maneira brilhante faz um contraponto entre o fundamento capitalista e o pensamento puritano predominante na Igreja Católica, que apregoava uma vida desprendida dos bens materiais. Para Weber a fundamentação dos princípios da ética protestante estimulou o homem a dar vazão ao espírito capitalista, abrindo assim o seu horizonte para novas perspectivas de acumulação de riquezas e bens, agora com a aprovação e a benção de Deus. Essa obra literária é fruto basicamente da observação do crescimento vertiginoso do capitalismo nos países de formação protestante, como Inglaterra e a própria Alemanha. "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" é considerada por muitos estudiosos como "A Obra do Século XX", devido à sua colaboração ímpar para a formulação e disseminação do pensamento capitalista ocidental. Infelizmente, assim como quase tudo na vida, o capitalismo não é só rosas, pois, o mesmo sistema que estimula a produção, gerando emprego e renda, pode ser distorcido e dar à luz a uma anomalia conhecida como mercantilismo. Essa prática obscura e funesta tem invadido as igrejas evangélicas através da comercialização da fé, da troca de benefícios da politicagem e da espoliação dos bens dos fiéis. E acredite, o que vemos na mídia é apenas a ponta do iceberg, haja visto, que esse processo tem se generalizado no meio do corpo de Cristo e tem relegado ao status de exceção àqueles que insistem em servir a Deus com integridade. Olho para muitas igrejas e o que vejo são verdadeiros supermercados da fé, onde vende-se de tudo, desde a unção, curas, prosperidade até ingressos para a assistência dos cultos. A própria mensagem da salvação, que é a base do Evangelho e tem seu âmago no chamado ao arrependimento, tem sido trocada sumariamente pelo apelo medíocre do consumismo cristão, baseado em uma mensagem rasa e sem poder, carregada de táticas de oratória e jargões de auto-ajuda e otimismo, onde o Criador deixa de ser protagonista, tornando-se um mero coadjuvante, que tem como função principal estar sempre à disposição dos caprichos de seus filhos. Princípios como; mordomia cristã, jejum, renuncia, consagração e sacrifício desvanecem diante da sedução de uma vida sem aflições, onde tudo que o coração humano desejar, rapidamente Deus moverá céus e terra para satisfazer. Mas tudo isso não é novidade, pois, o Apóstolo Pedro já lutava contra esses mercenários a dois mil anos atrás. Veja o que está escrito em 2Pedro 2: 3. "E por avareza farão de vós comércio, com palavras fingidas; sobre as quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita." Acorda Igreja de Cristo e expulsa esses estelionatários do teu meio.

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