Ser Pastor: Missão ou Profissão?


         Quando trato desse assunto, confesso que não sei nem por onde começar, haja vista que o mesmo desencadeia um turbilhão de pensamentos, conceitos e idéias em minha mente. Entretanto, com o auxílio do meu amigo Espírito Santo tentarei expor o meu pensamento de forma didática, o mais compreensiva possível. Nós, como seres humanos, somos produto do meio no qual vivemos, portanto, sofremos influencias que dia após dia vão moldando o nosso caráter, nossa maneira de pensar e nossa perspectiva diante dos fatos e situações que se apresentam em nosso cotidiano. Encarando esse tema com conhecimento de causa, pelo fato de ser pastor e de desempenhar outras funções além ministério, poderei expor as duas faces da moeda e dessa forma sintetizar o meu posicionamento. 
        No livro "O sacerdote", Francine Rivers faz um relato da importante função do sacerdote Arão no processo de libertação do povo de Israel do cativeiro do Egito. A escritora mostra de maneira singular a contribuição fundamental desse homem de Deus junto a seu irmão Moisés, que desempenhava uma função espiritual e política ao mesmo tempo. No final da obra chegamos a conclusão que Moisés não lograria êxito sem a presença sacerdotal de Arão. Nas escrituras sagradas, nos dois testamentos, vemos a configuração da figura do sacerdote/pastor como um vocacionado, como alguém chamado pela vontade soberana de Deus para a realização de uma missão específica. Vale ressaltar que em muitos casos a pessoa escolhida relutava inicialmente em obedecer a essa comissão divina, pois, o chamado levava o indivíduo a uma vida de abnegação, de perseguição e de devoção completa à vontade do Senhor, sem glamour, pompas ou regalias.
          Em nossos dias, com a mercantilização da fé, observo atônico o surgimento da profissão pastor, com direito a anúncio de vagas e até ingresso ao ministério por meio de concursos, onde o que vale é o retorno financeiro que esse cidadão trará aos seus empregadores. Numa analise fria, até me entristeço, pois, essa banalização do ministério representa o fragilização do Corpo de Cristo e a perda da identidade cristã, que é a pior das alienações. Quase que diariamente vemos escândalos envolvendo estelionatários que auto denominam-se pastores, pois, nunca foram chamados pelo Autor da Vida e nem o conheceram, pelo contrário, apenas usam a fé e colocam a nobre função pastoral na vala da desmoralização pública. Mas, a bom tempo a condenação virá.
          Passaria dias escrevendo esse texto, mas, não o farei. Para terminar gostaria de abordar mais um aspecto desse tema tão importante. Por muito tempo mantive a visão de que alguém que era vocacionado para o pastorado não poderia executar outro trabalho. Mesmo com o exemplo de colegas de ministério que conciliavam sua missão com uma profissão, não conseguia assimilar tal realidade. Pela graça e misericórdia de Deus, com o passar dos anos e com a influencia de pastores como Darrow Miller, Myles Monroe, Arivaldo Ramos, Ed René Kivtz, Cesar Castelhanos, fui compreendendo que o chamado divino não está não função que executo, antes, está na essência do meu ser. Entendi que enquanto profissional de qualquer área "estou" executado algo temporário e que dependendo da influencia que eu tiver poderá ser tão ou mais importante do que está apenas no púlpito. Em contrapartida como ministro do Evangelho "sou" embaixador do Reino de Deus nessa terra, pois, está no meu ser, na minha essência, não é temporário, pelo contrário, é eterno e imutável. Confesso que depois dessa compreensão minha vida e ministério não foram mais os mesmos, pois, compreendi que Deus me vocacionou para "ser" pastor e que onde estiver, seja no púlpito ou no escritório, serei o seu representante, com o dever de influenciar e de implantar naquele lugar o Reino de Deus. Maranata! Que venha o Teu Reino Senhor.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A COROA DE ESPINHOS

A SÍNDROME DO FILHO PRÓDIGO

Cristianismo A La Carte

As Cinco Marcas de um Líder Enganador

Deus e Sua missão entre os Homens