Títulos versus Unção


          Não é de hoje que o pensamento humanista dominante em nossa sociedade antropocêntrica tem adentrado as igrejas evangélicas. Podemos observar essa "invasão" através das canções, que cada vez mais enfatizam os sentimentos humanos em detrimento da devoção ao Senhor; através da pregações, que se afastam mais e mais da cruz, tornando-se rasas e insípidas, carregadas de jargões de auto-ajuda e de palavras de ordem; através da ocupação de funções de liderança, que em muitos casos privilegiam os mais abastados e menos compromissados, relegando ao segundo plano os mais humildes, que verdadeiramente são os que fazem a obra caminhar. São muitas vertentes de um mesmo mal, porém, a pior de todas, sem sombra de dúvidas é a que tem afetado milhares de líderes, que intitulo como: "A síndrome do ser". Hoje com tristeza e pesar contemplo o desespero de vários líderes, que buscam a todo custo serem reconhecidos e honrados com os mais diversos títulos, que diga-se de passagem as vezes nem encontram respaldo na Bíblia. Ao que me parece é uma competição, entre aquele que é mais importante, que está mais perto de Deus, que é mais ungido, que tem mais autoridade. São bispos, apóstolos, paipóstolos, patriarcas e tantos outros mais. Não pense que não creio na manifestação dos ministérios e dons, pelo contrário, creio sim. Entretanto, acredito que a unção traz o título e não o contrário. Quando falo nesse assunto lembro-me daquela passagem que encontra-se em Mateus 20: 20-22, onde a mãe de João e Tiago pede a Jesus que seus filhos tenham uma posição especial em relação aos demais, recebendo imediatamente uma resposta contrária da parte do Cristo. Baseado neste e em vários outros textos bíblicos, acredito que os ministérios devem ser exercidos por aqueles que foram chamado por Deus e não simplesmente por convenções humanas, por pagamento de tributos ou por juras de fidelidade ao líder supremo. Acredito também que não existe hierarquia ministerial, onde uma função torna-se mais importante e relevante que a outra, pelo contrário, tanto os ministérios como os dons se completam e são partes do mesmo corpo, onde á única parte indispensável é a cabeça (Jesus Cristo). Passaria dias discorrendo sobre o assunto, pois o mesmo me causa indignação e revolta, haja vista que lendo a Bíblia vejo homens e mulheres extraordinários que em face do chamado divino, sempre achavam-se indignos do mesmo e as vezes até tentavam fugir, mas que sempre optavam por obedecerem à suprema vontade de Deus. Ao mesmo tempo tenho pena desses líderes que a todo custam usurpam funções e títulos que não lhes foram confiados pelo Altíssimo, pois o fim dos mesmos será de desolação e dor. Para finalizar lembro-me das palavras de um sábio pastor, que convidado por um colega para "subir de nível", para receber um "nova unção", apenas sorriu e respondeu: Não meu amado, lhe agradeço, pois somente pela graça de Deus tenho levado o ministério de pastor por esses anos. Agora encerrando mesmo, risos, lembro-me de outro texto sagrado, onde Jesus disse o seguinte: "Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer" Lucas 17:10. Já me contento em ser apenas um servo inútil, pois tudo que eu fizer nunca pagará a divida que tenho com Aquele que me amou primeiro. Soli Dei Glória!!!

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